Friday, March 23, 2007

As Odaliscas

Ontem caminhava eu
Pelas areias do Saara.
Tiamates e tigres me rodeavam calmamente
Enquanto dançavam voluptuosas odaliscas.
E eu tranqüilo como um guri
Que faz um desenho
Escrevia num papiro cheio de riscas.

Havia uma música que cada vez tornava-se
Mais e mais cheia.
E de repente chegava um estafeta
Que me interrompia e do turbante
Retirava uma carta e me perguntava
Se eu era um essênio e eu dizia “não”.
Sou o poeta mais delirante!

E cores cobriam o Céu
Que já não era mais azul.
Estava mesmo no Saara ou em Patmos?
A música cada vez mais e mais cheia.
As odaliscas agarrando-me as mãos,
Obrigaram-me a rodar
E eu inquiri para que tudo aquilo
E elas proclamaram em coro
Que era para os jovens de Poesia
Voltarem a gostar.


Aracati-Ce., 23 de março de 2007.

André Breton