Tuesday, August 31, 2010

Inclusão Social: A Educação como instrumento de alcançá-la e refleti-la criticamente.

Ao se falar no tema de uma proposta de educação inclusiva é impossível não se recordar dos trabalhos de alguns importantes teóricos que se preocuparam com questões relacionadas ao advento de uma escola única, posto que por mais que se deva, em termos de ensino, levar em consideração o multiculturalismo de uma sociedade, entretanto, não parece viável que o sistema educacional esteja, pelo menos na sua totalidade, envidando esforços por sempre se adaptar cegamente a este contexto multicultural, isto por que além de trabalhar coma preparação para a vida profissional a escola tem ainda uma relevante responsabilidade que é a de preparar para a vida e o exercício da cidadania, de modo que o multiculturalismo deve entrar neste processo como um canal de abertura e compreensão da realidade, que após revelada, poderá, através da educação, ser transformada. No momento em que a escola toma por único escopo o multiculturalismo, como única e exclusiva base pedagógica, pode ela está perdendo sua imensa capacidade de interferir, como defendiam alguns teóricos, na superestrutura da sociedade. Se a mesma tomar o contexto multicultural como norte, posto que não se pode viver alijado das influências sociais, ainda mais quando essas influências ditam algo que interfere profundamente na manutenção da própria sobrevivência, que é a iniludível divisão do trabalho, poderá facilitar o processo inclusivo na escola, mas este lado da questão deve se trabalhar também o lado material e social do aluno. Isto posto a escola não deve usar como critério seletivo nenhum parâmetro econômico, étnico, cultural ou racial, pois deve ser um direito universal e aberto a todos em qualquer época ou situação de suas vidas.
A escola como algo imprescindível na formação humana, aventada a necessidade de sua obrigatoriedade e derrubadas as barreiras supracitadas no que toca ao seu acesso, deve trabalhar estratégias que despertem a consciência social e cidadã nos jovens, afim de que os mesmos sejam imbuídos da importância que tem a educação para suas vidas privadas e como veículo de transformação social, realmente incluídos não só na rede educativa, mas nos espaços de atuação e decisão na sociedade. Para tanto deve a mesma ter em seu bojo pedagógico a valorização e o respeito das múltiplas culturas, mas sem perder de vista o ensino de vias de reconhecimento dessas culturas pela sociedade como todo e o esforço de transformação social, mesmo que para isto tenha que se lutar contra supostas culturas, muitas vezes introduzidas artificialmente no meio social, como aparelhos ideológico por parte do Estado ou por setores detentores dos meios de produção desta mesma sociedade. Daí o porquê de se ter cautela em se produzir uma escola excessivamente adaptativa, pois, sem sombra de dúvida, não se pode trabalhar a educação indiferente ao multiculturalismo em que os seres humanos encontram-se inseridos, entretanto é mister que se tenha senso crítico a fim de que não se corra o risco de arrolar entre as manifestações multiculturais, certos modismos indutores e condutores de enganos e opressões sociais. Assim sendo, enquanto a educação não for totalmente despida de seu inexpugnável poder libertador das opressões sociais, será ela um prolífico instrumento de inclusão social, porém se se insistir em praticá-la única e exclusivamente como uma mera obrigação numa etapa da vida humana; se se persistir em usar sua abertura ao multiculturalismo simplesmente como meio de descrição e divulgação dessas manifestações e não como meio de inserção e valorização social das mesmas, continuará ela sendo uma reprodutora das contradições e disparidades sociais, políticas e econômicas que permeia a sociedade hodiernamente.

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